Caio Carvalho
Esse texto nasceu para ficar incompleto. Se não fosse minha preguiça de terminá-lo, talvez não tivesse percebido isso. É no final, talvez, que se encontra a incógnita.
Com vocês, o texto:
“Diria que não é tão difícil explicar como é morrer. É uma questão de entender, engolir facilmente certos conceitos. Tudo bem, eu estou lá, na minha cama, experimentando a ansiedade de morrer, enquanto todos os meus familiares se encontram ao meu redor. Confesso que toda a minha curiosidade com relação ao o que eu iria encontrar era parcialmente abafado pelo intenso cansaço que sentia. Dor?Sofrimento?Eu, particularmente, não senti. O que me fez estranhar posteriormente (...).Me lembro que as vozes dos que me rodeavam me pareciam tão longe, fato que me fez concluir que a surdez havia me atacado no momento. Então aconteceu: o cansaço foi se intensificando como se alguém estivesse aumentando-o por controle remoto. À medida que a fadiga transbordava, o sono me atacava. Sabia que se fechasse os olhos, não acordaria mais naquele lugar – se é que eu acordaria! Bah!Até parece que diante das possíveis respostas que eu encontraria ao promover o encontro de minhas pálpebras eu ficaria receoso.Sempre fui louco para saber o que acontece quando a gente morre.Não que durante a minha vida eu quisesse morrer.Era só curiosidade, gostava de viver.Mas já tenho 96 anos.Já provei de todas as experiências da vida.Quero o êxtase do que não conheço.Fechei os olhos.”