Bola de Sabão


Contornos de um cintilante cru
Invisíveis como fronteiras de ideais
Disfarçados em pureza ao olho nu
Turvas plumas ao vento
Flexível como a masmorra de uma mente
No cárcere privado do pensamento
Sua existência eternizada em segundos de leveza
A subida magistral de uma realeza
No ápice que a energia lhe permite
Em um instante de inércia
Uma virada de sentido emite
Queda livre
Ventre livre
Livre!
Implodem os confins inflexíveis
Expandem anseios inóspitos
Respiram ares impenetráveis
Maduros, abandonamos a bolha
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Eu não sou muito (nem um pouco na verdade hhe) familiariza em escrita de poemas e poesias. Entao vcs perdoem ai minha ousadia. Eu não ia postar esse, mas não resisti. Preciso da opinião de vcs. Podem esculhambar, se preciso. Acabei pisando num terreno desconhecido. Mas a vale a nova experiência =)

Conselho


Por um segundo perdi a noção do tempo, submergi em meio à desonra. Meus valores, por tanto tempo escondidos, decidiram se expor. Surgiram como carrascos ferozes prontos para executar o condenado. Sede de vingança. Vingar-se de si mesmo talvez seja a mais fria das refeições. Até o ar tornou-se intimidador. Impossível encarar as paredes. Os olhos molhados chicoteavam meu orgulho, minha moral. Que moral? Não era preciso gastar palavras, eu era capaz de sentir na pele cada pensamento amargurado que se passava por aquelas mentes. Cada dolorosa acusação.
O que eu fiz pouco importa para quem não presenciou o feito. Mas o que eu senti muito vale para quem algum dia pensar em fazê-lo. Não me interessam ameaças, mas cabe a mim a advertência. Pensem. Faça o que fizer, ou não faça. Mas pense. Pense que o que é feito hoje ecoa pela eternidade e que os ecos tornam-se enfadonhos com o tempo.
A decepção é algo intrigante. Reflete em todas as direções possíveis, atinge a todos no caminho. Acende uma dor fina e infinita, em algum recinto entre a razão e a emoção. Mesmo lugar onde dói o remorso. No qual lateja a infâmia do próprio reflexo. Tudo isso se coagula em mágoa, petrifica-se em prantos. Úmida rejeição de quem se ama. Curvar-se em volta de perdões é o que lhe resta. Ajoelhar-se aos pés da vergonha.
E tudo pesa no mais íntimo que se pode ser, no eu mais nosso, onde somos mais sinceros, mais puramente impuros. Consciência. Um pedaço do eu que se esconde aqui por dentro, sempre pronto pra apunhalar nossas fraquezas. O calcanhar de Aquiles interior. O arrependimento. E esse homenzinho fujão percorre nossos espaços mais guardados, camuflados por nossos atributos. Expõe o obscuro impedindo que atos caiam no esquecimento e que o esquecimento nos faça cair em novos atos.
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Esse mês as coisas por aqui ficaram meio desnortiadas ne? Mas a gente ja ta se organizando de novo. Acho que ja deu tempo de decorarem o editorial do Velho shuahsa. Perdoem gente, eu sugeri duas semanas e acabei deixando o texto la três!
Sobre o texto, nem eu sei o pq dele. Surgiu do além =)
Bjão!

A mais bonita




Era linda. Ele procurava outros adjetivos, mas encerrá-la em palavras era criminoso e ele não tinha vocabulário suficiente para isso. Mas era linda, em todos os aspectos, e ele não conseguia se acostumar a ver ela chegar todos os dias de olhos espertos e um sorriso gigante. Ele a tomava nos braços com carinho e cuidado, mas com força, como se não quisesse mais soltá-la, como se precisasse daquele abraço com a mesma necessidade do oxigênio. Como se precisasse gravar nele a impressão da pele macia dela, sentir suas bochechas apertadas contra as suas, pra não esquecer nunca mais, pra enfrentar mais aquele dia naquele mundo que nada interessava. Pra que trabalhar, pra que estudar, do que correr atrás, se a felicidade cabia naquele abraço, naquele olhar? A felicidade estava naquele riso, naqueles filmes vistos centenas de vezes a cada dia, nas músicas repetitivas e repetidas à exaustão - dos outros, não dela. E os pulos, e as danças, e os prédios inteiros construídos no chão da sala.


É tanta sonho, tanta graça que os dias realmente se tornaram dias e não sucessões de datas. Ela o fez entender que não se sorri só com a boca e os dentes, e ele ficou extasiado quando percebeu seus olhos, seu nariz, cabelos, orelhas, estômago, mãos, todos sorrindo em coro. Ele vê a cada dia ela curar seu coração cansado ou partido.


Ele chora, porque tem medo. Sabe que o abraço dele não poderá segurá-la para sempre, porque ela tem asas. Seria outro crime amarrá-las. Ela precisa voar e ele tem medo porque o céu tem é cheio de perigos, mas tem mais medo que ela não queira mais voltar. Tem medo que o abraço dele se torne demasiado incômodo para as asas dela que já são grandes e ah, hão de ser muito maiores. Ele quer que elas sejam maiores porque asas tão pequenas não conseguirão aguentar sonhos e sorrisos tão imensos por tanto tempo. E quando ela puder abraçar o mundo, será que lembrará do abraço dele?


Ele não sabe. Mas aí ela sorri pra ele e o medo some por agora. Ele está em paz e o corpo todo sorri.




Para Maria Gabriela.


PS: Sim, o nome do post é por causa do Chico. Mas é porque quando escuto "Beatriz" também lembro da minha sobrinha =)