Labirinto


Havia medo nas unhas daquela mulher e ela as devorava na esperança também de triturar o pavor entre os molares. O veneno do medo, porém, só se entranhava mais. Era uma calda viscosa e amarga que ela sentia na língua, violava a sua garganta e gelava o estômago. E ela exalava o fedor do medo por todos os poros, o seu suor impregnado daquele cheiro acre que a embriagava. Tinha medo do que fizera, tinha medo do que faria.

O homem estava absorvido por aquele romance. Há tempos havia perdido a paciência para a televisão e precisava de algo que o distraísse depois de um dia exaustivo no escritório. Banho, jantar, pijama, poltrona reclinável de couro amarelo. Paraíso. Seria se o bebê não chorasse tanto. A mulher reclama que ele é um imprestável que não ajuda em anda. Como se engordar a conta bancária dela fosse pouco. O sexo costumeiro havia sido abandonado por causa do bebê, não era culpa dele – se bem que... - ele que pagava a camisola de dentro da qual ela confortavelmente pragueja contra ele. E era de seda.
Podia se dar ao luxo de gastar a noite consigo mesmo, descansando do seu trabalho fatigante, se a mulher podia se dar ao luxo mais exorbitante de fazer sumirem rios caudalosos de seu dinheiro em poucos dias. Ela enchia o exterior de supérfluos, ele o interior. Ora essa.
Certas histórias bobas tem magia. Ele sempre desprezara Agatha Christie e Stephen King, mas aquele romance... podia sentir nos dedos as poucas páginas que faltavam, mas ele não podia acreditar que ia terminar assim... a mulher acabara de assassinar seu filho, sufocando-o com o travesseiro e se dirigia ao revólver do gaveteiro. Porque ela fizera aquilo ele não sabia compreender. Louca, pressupunha. Uma história boba, mas as tintas melodramáticas que o autor usava para pintar as cenas tornava-as atrativas demais para que ele desviasse o olhar delas.

A mulher pegou o revólver. O coração ela podia sentir tentando sair pela garganta, tolhendo-lhe a respiração. As mãos não tremiam, mas pelas unhas devoradas ainda escorria medo. Mas ela sabia que precisava seguir. Pôs uma das mãos na maçaneta, segurando a arma com força na outra. Girou o trinco. Podia ver a ponta da cabeça dele por cima da poltrona reclinável de couro amarelo.

O homem virou-se assustado. Da porta do quarto do filho, a mulher encarava-o. Havia medo em seus olhos. Havia um revólver em suas mãos.
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Hoje estou dividido. Há uma intensa alegria em mim, mas também uma imensa revolta. A revolta, creio que bem obviamente, é por nossa nova velha governadora, Roseana Sarney. Mas não falarei disso agora. É algo de que pretendo falar em um futuro editorial.
Mas tô feliz por causa do show do Monobloco! ^^ Sei que muita gente vai achar que eu sou um alienado por isso. Não sabem o quanto me fez bem, o quão lavada minha alma saiu daquela Batuque nesta madrugada se sexta para sábado! E eu que achava que ia sozinho ainda tive companhias especialíssimas, especialmente de Juliana e Thaís - desde o começo até o último suspiro dos tambores. Feliz eu sou com vocês, como diria o Mestre Yoda xD

Merdas à parte, boa noite pra todo mundo!
(cara, Feto, esse é um dos únicos blogs que eu conheço que as pessoas colocam essas coisas toscas depois do texto. Mas fazer o que se a gente é tosco mesmo... o/)
Abraços.

11 fios pro Casulo:

Unknown 20 de abril de 2009 às 10:57  

nossa que tenso! eu que fiquei com o coração na boca.
Não aguento mais esse negócio de "a guerreira" vai voltar... tanto sarney arrumou os pauzinhos dele, que taí ESSAÍ de volta. Nada democrático esse sistema utilizado pelo TSE.
Enfim...
Eu como boa curiosa, quero muito saber o teu nome (além do carlos) hahaha

Alanna 20 de abril de 2009 às 17:53  

eu sempre escrevo merdas no meu blog.
¬.¬
kra, papai ia vir pra cá esse feriado, não veio por causa dessa bagunça aí em são luís com essa bruxa! que merda! ¬.¬*

sim... amei. eu sabia que vc não ia resistir e ia querer matar alguém! \o/
tudo bem que não matou ainda, mas...
xD

s2

Fóssil 22 de abril de 2009 às 09:00  

Amei o editorial, feto. Também não sei mais se rio ou se choro. E tremo ao pensar o quanto essa apatia geral ainda nos causará.

Fóssil 22 de abril de 2009 às 09:00  

Amei o editorial, feto. Também não sei mais se rio ou se choro. E tremo ao pensar o quanto essa apatia geral ainda nos causará.

Jéssica Bittencourt 22 de abril de 2009 às 23:28  

eu de longe acompanho essa pouca vergonha, tenho vergonha do estado que nasci nesse momento. No entanto,olhando ao meu redor, sinto vergonha do estado em que moro. é com imenso pesar que digo, que é vergonha e não orgulho o que sinto de meu país corrupto e miserável.

Márcia, vulgo Feto 24 de abril de 2009 às 09:20  

Final bem a la fóssil! Adoro essa dramaticidade =)

E em falar em drama...
Esse nosso Brasil nos cansa. Nem temos tempo de digerir uma má notícia e já nos aparecem outras. Virou epidemia, não se pode mais acreditar no caráter de ninguém, perdemos a ingenuidade, a confiança, a moralidade. Aquela película que dividia o bem e o mal,aquele mínimo de consciência foi degenerado. Não se tem mais vergonha de errar, ou melhor, mudou o nosso entendimendo do que é o erro. A esperteza pautada na desonestidade virou motivo de vangloriação. Mas é possível reverter isso tudo. "Eu sei que não da pra mudar o começo, mas se a gente quizer vai da pra mudar o final." A gente precisa acreditar.

Diddy Black 24 de abril de 2009 às 16:09  

Caara, tbm gostei muito do seu blog, carlos! Interessante como vc coloca tudo numa só postagem: crônica, opinião, vida...
Abraços ^^

Salvadores daqui 26 de abril de 2009 às 07:14  

É triste, mas meu amigo a festeira voltou. Ops, guerreira.

Ah, e sobre o Vinícius, é muito útil mesmo, hahaha
Me dei a liberdade de pegar emprestado de terceiros, quartos, sei lá o que.

Abraço
Paulo César di Linharez

ferpa 26 de abril de 2009 às 07:28  

eu leio mileni:)

Arnaldo Vieira 30 de abril de 2009 às 07:49  

Quando tu começou a falar da guerreira, pensei q ias manter a tradiçao e matar alguem na história... mas ela ainda tá ai... =P
Situação crônica do nosso estado à parte, texto muito bom. Adoro histórias assim, em que se cruzam ficção e ficção... ^^

Gabriella Barbosa 30 de dezembro de 2009 às 11:47  

Sinceramente...ñ entendo esse tempo no blog, tô lendo os textos q perdi durante o ano e me aparecem coisas como dia 4 do MÊS 18 de 2009,hahahhaha. Adoro esses textos q se confundem c a realidade, ele preferiu viver um livro q pensava ser mais interessante q a vida presenciada, qndo na verdade as histórias eram as mesmas! Genial!