Nova forma de postagem para textos narrativos! ;D

Bom, eu conversei com o Feto a respeito e é justo colocar os possíveis leitores - afinal são vocês que vão ler né? XD (colocação brilhante, =P). Eu gosto muito de fazer textos narrativos, mas em geral me empolgo e eles ficam grandes demais (prolixo, pro lixo - né Ana? =D). Então nós decidimos que eu vou postar por partes. A primeira agora, a segunda na próxima semana e - se for o caso - a terceira na seguinte. Por enquanto, fiquem com a primeira parte do texto. No próximo post, eu contarei - como de praxe - como ele surgiu. Espero que gostem e obrigado por lerem! =D



Diálogo

- Oi de novo.
- Ah, cala a boca. Não to a fim de papo contigo hoje.
- Oh, pobrezinho – caçoou o outro – parece que o menininho está em mais uma de suas crises de adolescente – e pontuou com um suspiro sarcástico.
- Vá à merda!
- Vá à merda você pirralho, e seus gritos também. Tu não é o único de saco cheio do mundo aqui.
Há muito tempo eu não era criança o suficiente para me irritar quando me chamavam de criança. Vindo daquele cara, entretanto, o tratamento me enfurecia. A voz daquele desgraçado, com quem eu tinha a infelicidade de dividir o quarto, soava aos meus ouvidos como unhas arranhando um quadro-negro. Se você já passou por uma experiência parecida, talvez saiba como é: minhas entranhas reviravam sempre que eu voltava para casa, pois sabia que teria que encontrar o maldito.
- Sabe, não dá pra entender certas pessoas. Como o garoto tem tudo, de dinheiro a uma boa família e ainda se acha no direito de entrar no quarto soltando fogo pelas ventas e chutando a porta como se fosse...
- Escuta, quer calar essa boca e me deixar em paz? – gritei.
Eu sei, muitos chamariam essa minha raiva de irracional, sem motivos. Mas eu duvido que esses “muitos” tenham convivido com um sujeito como aquele. Ou que fossem loucos como eu. E ademais, qual é a raiva que não tem suas pinceladas de irracionalidade?
Naquele dia eu estava particularmente impaciente. Não havia sido o meu dia, como dizem. E eu certamente não estava com disposição alguma para suportar aquele imbecil.
- Cara, vamos fazer um acordo? Eu fico aqui na minha cama, quieto, e tu também fica na boa aí. Eu não te incomodo e tu não me incomoda e fica tudo bem, beleza?
- Que foi, levou um fora? – desgraçado – Eu sabia! Caramba, você é muito mole mesmo! – e gargalhou.
- Isso não é da tua conta!
- Claro que não. Mas não faz diferença – dá pra acreditar? – E aí, o que tu vai fazer agora?
Calei-me. O que diabos ele esperava que eu fizesse? O que diabos eu poderia fazer em uma situação como aquela? Mas obviamente, ele não esperava uma resposta:
- Eu sabia – como eu detestava aquela mania de “eu sabia” – Afinal, tu é um homem ou o quê?
- Ta certo, garanhão – retruquei, irritado – Você faria o quê?
- Bem mais do que ficar deitado na minha cama, mergulhado em auto piedade. Que papel ridículo, francamente! – disse ele, num tom que eu não conseguir distinguir entre censura e galhofa – Tu não passa de um bostinha metido a intelectual que nunca vai até o fim em nada e depois fica se lamentando. Patético!
- Você não entende – murmurei – Você não sabe nada sobre mim
- Ah, pelo amor de Deus! Tenha santa paciência! Com você é sempre desse jeito: “Ninguém me entende”, “Ninguém me quer”, “Ninguém sabe quem eu sou de verdade, pobre de mim”. Acha que o mundo gira em torno do teu umbigo? Você acha mesmo que é assim tão complexo, tão difícil de entender? Você é ridículo, simplório. E só admite isso quando quer que lhe digam o contrário.
Eloqüência maldita. O infeliz tinha o dom da oratória. E isso me irritava ainda mais, eu nunca fui bom falando. E o pior era vê-lo falando do lugar onde eu ficava... sempre ele lá no alto e eu tendo que olhá-lo de baixo! Como isso me incomodava! Parecia que isso só atestava que ele era superior, que era melhor que eu.

6 fios pro Casulo:

Anônimo 22 de março de 2008 às 14:15  

tres semanas até tu botar o texto todo?
><

Fóssil 22 de março de 2008 às 20:04  

Não, falei com Márcia hoje e vou pôr três posts seguidos. Não tô em casa, mas amanhã psoto a parte dois e na quarta a parte 3, beleza? =D

Ana Áurea 23 de março de 2008 às 15:07  

isso me lembrou uma conversa que eu tive com uma pessoa,uma vez,exceto que a pessoa não transpirava ódio como a personagem transpira e eu não falava diretamente com ela XD.
De qualquer forma,tu não devia ter dito que eu falei da prolixidade,teus fãs vão me bater na rua.

Anônimo 23 de março de 2008 às 16:03  

Ahhh..
Diálogos são legais, mas acho que poemas, sei lá, dá mais vontade de ler.
Eu parei na metade.. =/

báh.. acho que vai de gosto à gosto.

Anônimo 13 de abril de 2008 às 17:40  
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Anônimo 13 de abril de 2008 às 18:02  

isso me lembra ligeiramente Harry Potter no quinto livro...
sem ofensa.

Claravelha