Multidão



Marcham os dias rumo ao limite. Em formação de combate seguem os ponteiros a cercar as horas. O tempo pirraça, moleque malicioso que se diverte à custa da nossa existência. Não se sente mais. Vazios, passamos sem reagir, sem ruído, sem odor, sem pudor. Os batimentos cessaram, calaram-se os pensamentos. E não se ouve mais. Nem as vozes interiores que sempre desnortearam a tantos. O caos transgrediu o alcance da sanidade, a ordem surgiu como que por instinto e por instinto seguimos sem saber pra onde. Vamos em frente, ordenados pela intuição. Indivíduos planejados para existir, seguir e mais nada. Roldanas giram nossos passos. Delimitam nosso espaço. Não há tristeza, só equilíbrio. Cancelados os vetores opostos. Estático. Quando o barulho é tanto que dele se faz silêncio. A dor abissal se faz apatia. O homem animal se fez máquina. No fim, deitam-se os corpos enfadados, enfileirados em retas perfeitas, a luz e esvai e ninguém percebe que passou o dia.


Desculpem pela reta não ser tão perfeita assim! Foi o melhor que encontrei =]

4 fios pro Casulo:

Fóssil 14 de julho de 2009 às 19:17  

Maravilhoso! Mais chocante ainda é que tantos de nós aceitem essa realidade com tanta ovinidade.

Que bom que ainda existe a poesia. Que bom que há a tua.

Fóssil 14 de julho de 2009 às 19:17  

Maravilhoso! Mais chocante ainda é que tantos de nós aceitem essa realidade com tanta ovinidade.

Que bom que ainda existe a poesia. Que bom que há a tua.

Thais 15 de julho de 2009 às 05:00  

Fui lendo e foi fazendo um silêncio absoluto em minha mente.

Incrível. Muito lindo!

Gabriella Barbosa 4 de janeiro de 2010 às 15:32  

Caramba, me fez refletir sobre a vida q levamos, ou melhor, a vida q nos leva!