Conselho


Por um segundo perdi a noção do tempo, submergi em meio à desonra. Meus valores, por tanto tempo escondidos, decidiram se expor. Surgiram como carrascos ferozes prontos para executar o condenado. Sede de vingança. Vingar-se de si mesmo talvez seja a mais fria das refeições. Até o ar tornou-se intimidador. Impossível encarar as paredes. Os olhos molhados chicoteavam meu orgulho, minha moral. Que moral? Não era preciso gastar palavras, eu era capaz de sentir na pele cada pensamento amargurado que se passava por aquelas mentes. Cada dolorosa acusação.
O que eu fiz pouco importa para quem não presenciou o feito. Mas o que eu senti muito vale para quem algum dia pensar em fazê-lo. Não me interessam ameaças, mas cabe a mim a advertência. Pensem. Faça o que fizer, ou não faça. Mas pense. Pense que o que é feito hoje ecoa pela eternidade e que os ecos tornam-se enfadonhos com o tempo.
A decepção é algo intrigante. Reflete em todas as direções possíveis, atinge a todos no caminho. Acende uma dor fina e infinita, em algum recinto entre a razão e a emoção. Mesmo lugar onde dói o remorso. No qual lateja a infâmia do próprio reflexo. Tudo isso se coagula em mágoa, petrifica-se em prantos. Úmida rejeição de quem se ama. Curvar-se em volta de perdões é o que lhe resta. Ajoelhar-se aos pés da vergonha.
E tudo pesa no mais íntimo que se pode ser, no eu mais nosso, onde somos mais sinceros, mais puramente impuros. Consciência. Um pedaço do eu que se esconde aqui por dentro, sempre pronto pra apunhalar nossas fraquezas. O calcanhar de Aquiles interior. O arrependimento. E esse homenzinho fujão percorre nossos espaços mais guardados, camuflados por nossos atributos. Expõe o obscuro impedindo que atos caiam no esquecimento e que o esquecimento nos faça cair em novos atos.
.
.
.
Esse mês as coisas por aqui ficaram meio desnortiadas ne? Mas a gente ja ta se organizando de novo. Acho que ja deu tempo de decorarem o editorial do Velho shuahsa. Perdoem gente, eu sugeri duas semanas e acabei deixando o texto la três!
Sobre o texto, nem eu sei o pq dele. Surgiu do além =)
Bjão!

9 fios pro Casulo:

Jéssica Bittencourt 19 de maio de 2009 às 21:06  

Nossa Márcia.
muito bom!
me fez refletir sobre algumas coisinhas erradas que estou passando...
mas é isso ai! bola pra frente...até porque " o que é feito hoje ecoa pela eternidade e que os ecos tornam-se enfadonhos com o tempo."
beijocas

Fóssil 20 de maio de 2009 às 09:14  

"Tudo que não me mata, me fortalece"

Forte, Guria. É preciso que a Fênix queime e vire cinzas antes de renascer mais bela.

Adorei!

Angela 22 de maio de 2009 às 15:36  

Uau! Como esses textos aparecem do nada, hein? E sempre, sempre me fazem pensar ,"Meu Deus, porque eu não pensei isso antes?"

Muito bom mesmo!

Márcia, vulgo Feto 22 de maio de 2009 às 20:37  

Meu deus gente obrigada. nao pensei que esse texto fosse ser tao bem aceito =)
beijocas, shauhsua.

daimon 27 de maio de 2009 às 19:11  

aew gostei

Anônimo 28 de maio de 2009 às 17:47  

um dos melhores que eu já lí. Nossa, gostei mesmo! Fez-me sentir que não estou só ^^ PARABÉNS.

Thais 29 de maio de 2009 às 18:42  

Nossa, esse me pegou de jeito! Lindos como sempre, estava com saudades já.

Fiquei um tempo sem aparecer, mas voltei. rs Depois dá uma passadinha lá!

Beijos

Márcia, vulgo Feto 31 de maio de 2009 às 10:10  

Passo la com todo prazer Amora =)
Muito obrigada gente!! Nao esperava uma recepção tao calorosa pro Conselho! Valeu mesmo =D

Gabriella Barbosa 30 de dezembro de 2009 às 12:00  

às vezes textos q surgem do nada refletem a sinceridade subconsciente de um instante! Mto lindo!