Epifania em uma bala de café




O som daquela embalagem abrindo geralmente era irritante mas naquele momento a alegrava. Em outros tempos, com as mãos mais firmes, ela tivera grandes dificuldades para romper aquele invólucro mas agora, sentindo as mãos fracas e trêmulas, alcançara o intento facilmente. Ainda lembrava das risadas das amigas quando ela deixava a bala cair – e isso sempre acontecia, tanto que nunca comprava apenas uma. E era obrigada a entregar, derrotada, a segunda bala para que uma das meninas abrisse, com os olhos úmidos de riso. Naquele quarto, não havia ninguém que pudesse ver o sucesso dela. Mesmo quando estava cercada de gente, todos tinham uma cegueira inexplicável para os seus sucessos, enquanto os fracassos pareciam iluminados por holofotes. Mas ela estava divagando. Naquela hora, naquele quarto, só o cheiro de café era real.
Não era incrível que uma bala tão pequena conseguisse exalar seu aroma tão fortemente por todo o cômodo? Ou seria o seu olfato que estava mais apurado? Ela sentia que todos os seus sentidos estavam se aguçando naquele instante e, mesmo com a visão turva, via tudo mais claramente do que em toda a sua vida.
Via que era estúpida. Que entregara seu amor à quem não o merecia. Como em um filme, via a si própria como escrava da mãe, brinquedo do pai e capacho das colegas de escola. Ela que sempre andara tão longe da felicidade, acostumara-se àquela vida como se fosse o mais próximo que pudesse chegar de ser feliz. Até conhecê-lo.
Não queria admitir nem para si mesma, mas era por causa dele que estava ali. Ele trouxera novamente esperança pro seu espírito e ela descobriu uma felicidade viciante e embriagante como aguardente. Ela sentia tanta falta daquela bebida, aquela bebida que só os lábios dele, o peito dele, os braços dele poderiam lhe dar. Ir para casa era uma tortura. Um choque de realidade. Alice abandonando o país das maravilhas.
Naquela manhã, poucas horas antes, porém, o país das maravilhas desmoronara. Chegando mais cedo à escola ela vira o seu amado falando debochadamente em um grupo de amigos:
-... Mania de chupar bala de café! Se ela soubesse como odeio aquele bafo nojento! Só vou ficar com ela até ela fazer o trabalho de história pra mim e aí tchau! Também não suporto mais que isso...
E o paraíso pereceu nas chamas do inferno.
E o inferno era amargo como café, mas sem a doçura da bala. E aquela bala de café era o epitáfio daquela que ela acreditava ser a sua última chance de ser feliz. A única vez em que foi tratado com gentileza, que se sentiu amada. A não ser...
Sim, naquele momento em que sua visão turva via claramente ela lembrava de algo no meio da dor, da raiva e da vergonha. Não era aquele menino que ouvia a declaração do seu ex-amor? O que ele dissera?
“Pois eu adoro o gosto de café”.
Sim! Que tola era fora! Havia ainda uma chance de ser feliz! Agora tudo estava claro! Deixara o amor escapar, mas não o faria de novo. Haveria tempo ainda? Claro que sim. Para o verdadeiro amor sempre havia tempo, ela lera uma vez.
(Mas realmente não havia mais tempo. A sua turva visão se escurecia. E o sangue que escorria dos seus pulsos se avolumava em poças, sob a embalagem da última bala de café).




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A respeito da "demora": desculpem. A respeito do texto: idem. E também, blargh, voltei aos textos melosos XP. A respeito da Feira do Livro: muito legal, mas eu tô liso. De novo o/




huahuahauhaua




Hasta la vista, baby!


(porra, essa foi a pior =P)


PS: CARA, como vocês fazem pra achar imagens legais (Márcia e todos os blogueiros que lêem isso aqui)? Olha que coisa triste essa imagem aí do texto! Eu definitivamente não sirvo pra fazer marketing XP
PPS: Melhorou agora, Alanna? =D

PPPS: O acento de "lêem" foi abolido, né? T.T

12 fios pro Casulo:

Alanna 15 de outubro de 2008 às 10:33  

esse tipo de acento AINDA não foi abolido. será a partir do ano que vem. para vestibulares só a partir de 2012. Vou demorar mt pra reaprender a escrever. ¬.¬

Carlos e sua maldita mania de matar os personagens!
Que droga!
Qd vi a atualização já pensei em alguma coisa triste, comecei a ler e fui ficando feliz pensando (ingênua) que Carlos não ia matar ninguém dessa vez. Doce ilusão.
Mas enfim... a menina emo era até legal. Pena que era meio burra.
E eu gostei da história do mesmo jeito.

E como assim tu não acha as imagens? Escreve no google, clica em imagens e aí você acha. Já pensou em mudar a palavra? Uma vez eu queria um pôr-do-sol e pra achar um legal tive que escrever alguma coisa relacionada a algum sentimento (vago porque não lembro mais qual era). Ao invés de café, tenta 'amargo', ou algo assim.
xP
beijoooo!

PS: eu vou ser publicitáriaaaaaa! (pelo menos por enquanto)

Caio Carvalho 17 de outubro de 2008 às 18:27  

Nossa, triste a história...
hhehe, gostei do "menina emo" da Alanna.
De fato, vc acaba sentindo uma certa simpatia por ela (compaixão ou pena? Ou é tudo a mesma coisa e compaixão é só um eufemismo de pena?), mas não a considero meio burra; era só ingênua ( e talvez um tanto desastrada com relação a pacotes XP).
Obs:hhehehehe, ri demais daquela tua primeira foto. Mas só ri depois de ver teu comentário da foto, foi muito engraçado XD

Fóssil 17 de outubro de 2008 às 20:44  

Concordo com a mania de matar personagens! Vou parar com isso, já tá clichêzão!

Mas quanto à "emice" da menina eu tinha certeza que iam dizer isso (e que seria Alanna ou Ana Áurea), e eu concordo em parte, maaaaaas vocês leram a parte do "brinquedo do pai"? Eu suavizei bastante aí, alguém entendeu o que eu quis dizer? XP

Caio Carvalho 18 de outubro de 2008 às 07:34  

Meu Deus, passei batido por isso!!Nem reparei!!!
Nossa...

Gabriella Barbosa 18 de outubro de 2008 às 18:43  

Ei, ñ agüento mais personagens suicidas... eu esperava um fim como: e percebeu q poderia ser feliz, pois o maior dos amores é a verdadeira amizade, e essa poderia encontrar...Tá virando clichê( o próximo texto tem q ser um final inexperado, adoro, porém feliz!!!!!!!) E quanto ao brinquedinho do pai, eu pensei em pedofilia, mas depois me veio a idéia de q ela ñ tinha mãe e o pai era super protetor

Fóssil 18 de outubro de 2008 às 21:21  

Foi no sentido de pedofilia sim.

Anônimo 19 de outubro de 2008 às 11:42  

Cara...que triste! Pq tu matou a menina? Pq a história não terminou no "Para o verdadeiro amor sempre havia tempo, ela lera uma vez."???
Éguaaa...se tu soubesses os traumas que tenho desses finais...caraca...eles doem mais né?...quer dizer, pra mim...não conheço tuas dores...talvez por isso algumas vezes eles pareçam mais reais...o que tu achas, estaríamos nós mais familiarizados com a dor do que com o amor?
Quanta insensibilidade do cara heim? Usar a menina logo pra conseguir um trabalho de história? Acho q era disso q ele precisava...conhecer os caminhos do tempo, se perder neles e através deles se enxergar. Ah...é só uma defesa da minha disciplina favorita! rs

Parabéns cara...cada vez mais tenho prazer em entrar aqui e desculpe o longo comentário!

Fóssil 19 de outubro de 2008 às 16:27  

"Desculpe"? Oras, muito obrigado ^^

Se estamos mais familiarizados com a dor do que com o amor? Isso me fez refletir. O amor está tão banalizado que a toda hora vemos "eu te amo" e pelo menos eu vejo com um pé atrás tantas declarações a torto e a direito. Mas não costumo duvidar do sofrimento alheio. Também eu não tenho certeza se já amei (não no sentindo amplo da palavra, mas no caso da história, amar no sentindo de romance AH, vocês me entenderam XP), mas não tenho dúvidas de quando eu estou sofrendo. Então acho que realmente a dor nos é mais familiar.

História também é uma das minhas preferidas X) Na verdade esse detalhe na história foi uma piada interna porque eu conheço alguém que ficou com uma menina pra ela fazer um trabalho de história pra ele. hehe

Anônimo 21 de outubro de 2008 às 17:46  

NA UFT AS MUDANÇAS DAS REGRAS GRAMATICAIS JÁ TÃO VALENDO!
{e eu, obviamente, vou zerar a redação... quero é ver QUANDO eu vou escrever idéia sem o acento ¬¬}

e eu quero já saber dessa fofoca aí de cima de um idiota ficando com uma menina por trabalho de historia!

e tá na hora mesmo de tu parar de matar personagens! ><

{poxa, há quanto tempo eu não vinha aqui! :)}

Thaís Araujo 22 de outubro de 2008 às 18:48  

eu nem vou comentar sobre o que o texto me fez sentir, já que essa galera aí já disse tudo. Eu com certeza seria repetitiva.

Maaaas, o começo me fez lembrar (e muito) aquela comunidade: "Grandes feitos desprezados" lembra?

sim, Thaís, sinta-se horrível porque você riu disso.


ah, tenho que admitir, apesar da riqueza de sentimento... que menininha mais emo, viu? (não tinha como não falar)Aliás, adolescente que se mata por amor deveria ressucitar pra gente matar de novo.... (essa com certeza foi uma brincadeira de mal gosto... deleto? não...)

De qualquer forma, pena dela.


(L) carlão.

Gerusa 5 de novembro de 2008 às 18:33  

Carlos, não mate mais as pessoas!
rsrsrsrs
Gostei da historia, apesar do final tragico. Só que as vezes as pessoas também se dão bem no final, e eu queria que ela tivesse sido feliz. No lugar de cortar os pulsos ela deveria ter feito o trabalho todo errado pra aquele idiota tirar nota baixa, e quando ele viesse tomar satisfação ela dava um chute no saco dele! Satisfação garantida!
rsrsrs

Gabriella Barbosa 10 de novembro de 2008 às 16:55  

caramba! adorei esse novo final, hahahah