Ciranda

Tinha mania de poetisa. Por isso sempre insistia em marcarem os encontros naquela praça. Achava aquele lugar lindo e inspirador. O namorado não via nada de especial ali e sempre dizia que marcar encontros em praças era coisa do século passado, mas acabava concordando. Tinha que convir, ele não tinha sensibilidade alguma, ainda mais sua aguçada sensibilidade poética! Ela, sim, era uma artista.
Naquele dia, ela era uma artista ansiosa. Adriana não via Samuel há duas semanas por causa da droga do trabalho dele. Apoiara-o quando ele quis aceitar o emprego, mas não gostava nem um pouco de ver o garoto colocando colares luxuosos nos pescoços daquelas madames emplumadas... Mas o salário era muito bom considerando que Samuel abandonara a escola no segundo ano do ensino médio. E, ela não podia negar, foi graças ao desconto para funcionários que ele conseguira comprar o anel.
Adriana levantou a mão para vê-lo, pela milésima vez. Uma beleza! Ela não sabia que pedra era aquela, mas bastava olhar para se saber que era muito valiosa. Beijou-a com carinho. Era vermelha, como os lábios de Samuel. Sua mãe não gostava que ela saísse exibindo o anel – tinha medo que pudesse atrair assaltantes. Mas a moça queria mostrar que valorizava o presente do namorado, afinal, deveria ter sido comprado à custa de grandes sacrifícios.
Mas, pensou levemente irritada, Samuel não era o único a fazer sacrifícios. Era ela que tinha de suportar todas aquelas manias horríveis. A última e pior de todas aparecera de uma hora para outra: fumar. Sabe-se lá de onde tirara isso. Provavelmente algum daqueles odiosos colegas de trabalho. Da última vez que se viram haviam discutido feio porque Adriana se recusara a beijá-lo ao sentir o gosto das cinzas na boca do namorado, mesmo que ele alegasse não ter fumado.
Ela fechou os olhos e pensou “o amor tudo crê, tudo suporta”. Tinha um verso pronto para rebater cada desdita que o namoro lhe causava. Naquele dia, ela não queria brigar. Sempre que ele reclamava quando ela saía sem lhe avisar, quando ficava zangado porque ela se recusava a transar, sempre que ele perdia a cabeça quando ela dizia que não podia sair pois precisava estudar e que ele deveria fazer o mesmo, ela suspirava. “Amo-te enfim, de um calmo amor prestante, e te amo além, presente na saudade”. Ela sabia muito do sofrimento que o amor implica, mesmo quando a dois. Mas acima de tudo, lembrava a sim mesma, conhecia suas delícias.
Sacou da bolsa o caderninho que sempre levava consigo e um lápis. Resolveu compor uns versos para seu amado, mais versos para acrescentar a tantos outros que ele jamais vira ou veria. Olhou o papel por alguns segundos e ergueu a cabeça, concentrada. A inspiração, porém, teimava em não vir. Ao seu redor, buscava algo que lhe lembrasse o namorado. Então um pensamento como que lhe bateu à testa: o anel!
Tirou lentamente a argola do dedo e pôs-se a rola-la na mão. O anel... o anel... o amor... o amor.... o amor...
Foi então que o anel lhe escapou dos dedos.
Abaixou-se para pega-lo. Para sua surpresa, a pedra se partira. E de repente, Adriana compreendeu que já sabia o que escrever.


Samuel chegou com uma bala de hortelã na boca para disfarçar o hálito de cigarro. Estranhou não ver a namorada, ela sempre chegava tão cedo... aproximou-se sobre o banco em que combinaram de se encontrar avistou o anel que lhe dera envolvendo uma folha de caderno. Abriu-a e leu:

“O amor que eu te tinha era pouco e se acabou”

Nunca conseguira entender aquela menina. Tinha mania de poetisa.

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Não gostei desse, tá uma pieguice dos diabos =P
Tava com um monte de coisas na cabeça pra escrever aqui, mas esqueci tudo XD Então aproveitem o txto e como diria a Guria, "leiam e esculhambem".
Té mais!

10 fios pro Casulo:

Unknown 23 de julho de 2008 às 06:47  

ficou legal esse texto pow, ateh me imagino assim esses dois um indo pra um lado e a menina pro outro depois desse tempo xD
e Carlos, eu ainda comentei no texto onde tu mata a velha (soh pra esse comentario nao ser inutil ai, e to aki com net discada, e daki ateh q entre nakela outra pag de comentarios, copie akele texto e cole aki vai ser a tarde toda, uaehuhaeuh)
xD
abrass

Anônimo 23 de julho de 2008 às 10:12  

teus textos sempre são legais! :D

Alanna 25 de julho de 2008 às 09:33  

Mania de poetisa... Pena que não era original! kkkkkkk!
Moh roubando musikinhas! hehe!
E que jeito divertido de dar um fora no kra!
Botei maior fé!
kkkkkk!
Ele era mt chato!
Ficou alone! Bem feito pra ele!
kkkkkkkkk!

Bjuuhhh!

Anônimo 25 de julho de 2008 às 13:21  

aha! o anel era falso, pra quebrar facinho assim.

Fóssil 25 de julho de 2008 às 20:27  

É, o anel quebrando é uma citação à "Ciranda, cirandinha" também: "o anel que tu me deste era vidro e se quebrou".

O amor dele (e o dela) também era falso.

Márcia, vulgo Feto 26 de julho de 2008 às 19:38  

Eguas amei essa intertextualidade com ciranda cirandinha. Quando vi o titulo fiquei sem saber do que se tratava o texto...depois encaixou perfeitamente.
Confesso que a primeira coisa que veio na cabeça foi ciranda e pedra, a novela ¬¬

Anônimo 28 de julho de 2008 às 21:53  

o amor escorre entre os dedos! tantas vezes! tantas quantas forem preciso!

Maíra Viana
www.mairaviana.blogger.com.br

Ana Áurea 31 de julho de 2008 às 18:22  

piegas mesmo Carlos Oo'...mas eu achei interessante tu colocar esses versinhos bregas ae...e eu tambem achei que tu fosse dar uma copiada na Lygia Fagundes Telles (aliás,eu li Ciranda de Pedra esses dias e recomendo,mas acho que Carlos já leu então eu recomendo pra quem ainda não leu,apesar dos sentimentos contemplativos que me assolaram depois que terminei,eu recomendo pq é ótimo pra refletir).

Fóssil 31 de julho de 2008 às 20:10  

EU AINDA NÃO LI T.T

Eu amo Lygia, mas nunca li os romances dela, só os contos T.T

Gabriella Barbosa 11 de outubro de 2008 às 15:17  

Nossa!!!! Muito bom! enquanto lia, ficava a música na minha cabeça, ah, e bem feito p ele, ele era um idiota!