Oficina do Diabo


Para Hugo César Lima

A casa era uma faca.
Ele olhava ao redor e tudo estava fora de lugar. A TV na sala, os sofás que a contemplavam, os livros nas estantes, os pratos nos armários da cozinha. Tudo fora de lugar. Ele sentia como que uma febre, uma inquietação agoniante e se sentava na poltrona branca, as pernas encolhidas, os pés metidos em meias pretas. Estava frio e ele sentia como que uma febre. Tudo estava fora de lugar.
Aquela meticulosidade de arrumação e limpeza não era dele. A casa era vidro, metal e branco, uma brancura ofuscante que o angustiava. Tudo era calma e nada estava no lugar. A casa arrumada com esmero por alguém, e ele revirado por dentro, a mais completa desordem. E só. Por dentro ele era xícaras sem asas, espelhos trincados, livros rasgados e CDs espalhados pelo chão. As janelas estavam escancaradas, mas os olhos dele só enxergavam cortinas.
A casa era uma gaiola de porta aberta e ele, passarinho estocolmado. Tinha medo demais, era grande demais e tinha as asas amputadas. Mas odiava a gaiola e a ração de alpiste e água. Ele depenava e definhava e sobrevivia. Ele morria.
Ele não estava ali, não era o seu rosto naqueles reflexos. Perdera a face há muito tempo em algum espelho.
Ele era desespero e silêncio e uma apatia desgraçada. Seu rosto e sua garganta estavam secos. Ele morria. Ele queria mas não se movia. Ele implorava e seu rosto, impassível. Seu sangue estava frio como os azulejos. Ele morria. Esticou as pernas e sentiu o peso sob as meias. Levantou-se. Alguém abriu a porta.
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Enfim, de volta! Perdão pela longa ausência, mas o rojão tá duro pra mim e principalmente pro Feto, então paciência aí =) Esse texto não tem muita a ver coisa comigo - atualmente - e nem com Hugo - acho - mas dedico a ele que me emprestou a caneta e foi o primeiro a l~e-lo - pra variar, no meio da aula.
Saudades do Casulo ^^
Abraços!

4 fios pro Casulo:

Alanna 25 de setembro de 2009 às 16:00  

eu é que estava com saudade! T.T
e eu amei esse texto.
queria ter sido Hugo as vezes, para emprestar-te canetas. ^.^

Thaís Araujo 29 de setembro de 2009 às 14:39  

pede a caneta pra mim da próxima vez.

Loguei de novo! Reformei um texto velho e postei. Só pra respirar fundo e tentar manter o blog de novo.


o texto tá bem dinâmico... quero dizer, a minha mente tava tão agoniada quanto o carinha ai. adoro teus textos por isso, eu quase sinto o que o personagem sente.

Márcia, vulgo Feto 1 de outubro de 2009 às 07:09  

Eue saudade daqui!
Surpresa boa, vim postar e achei post novo teu =) Tava precisando ler textos teus. E muito agoniante esse! Tu sabe bem como transcrever momentos de lutas internas dos teus personagens pra gente aqui fora. E como a Thais ai em cima, eu muitas vezes me identifico com eles. Talvez pq tu consiga envolver o mundo com poucas palavras.
Beijão Fóssil =D

Gabriella Barbosa 4 de janeiro de 2010 às 15:46  

dia 9 do mês 24. Vem cá, eu q sou burra ou a internet complica as datas,hahahah- ou será q o ano tem mais de 12 meses e eu nunca percebi(bem possível a última hipótese). Q texto lindo, desculpa, mas o texto tem sim um pouco a ver, principalmente no assunto personagens meio emos,hahahah.