Ele só sabia que chovia. Como chegaram ali, como obtivera a imensa coragem de segurar a mão dela, como começara a falar heroicamente, quase sem gaguejar, como se tivesse ensaiado - isso ele não sabia. Mentira; lembrava de quase tudo, mas o importante mesmo era que chovia. Havia um silêncio de bomba - bomba não-lançada - entre cada frase. Ele falava, cada palavra um passo a mais em lago coberto de gelo fino, vendo o precipício no final de cada caminho (tão articulado o achavam e quando ele precisava falar, diacho, as palavras saíam cuspidas, sem sentido). E depois das palavras, mais silêncio, e ele ficava olhando pros olhos dela (quando ela lhe permitia vê-los) e espreitando a bomba naquele céu castanho - caía ou não caía? Aí ela falou - rápida, nervosa, quase desconexa. Mas nem tanto, as palavras dela talvez teriam feito sentido se ele a deixasse terminar. Mas ele a beijou e só soube dos lábios dela contra os seus e tudo fez sentido - as palavras dela, as palavras dele, o lugar, a chuva, o silêncio. E depois do beijo, foi outro silêncio de bomba. De bomba lançada, certeira, de bomba que acerta o alvo. E depois ele só sabia dos seus sorrisos.

Saber agora, ele não sabe de muita coisa. Não sabe quanto vai durar, não sabe quantas chuvas e quantos pôr-de-sóis. Mas ele sabe sim, que cada uma e cada um valeu a pena. Ele ainda não sabe o que é, mas é bom. Ele não sabe o que detonou aquela bomba. Ele só sabe que desde aquele dia ele, que só sabia ser feliz em parte, prova todos os dias as delícias de ser feliz por inteiro.

E eu só posso dizer que espero que essa história ainda demore muito pra acabar.

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Tu sabes que é pra ti, bonita.

9 fios pro Casulo:

Thais 16 de junho de 2009 às 09:31  

Que lindo!

"As delícias de ser feliz por inteiro". Bem dizem que quando a gente se apaixona sente o peito cheio, completo... é deve ser essa a alegria de ser feliz por inteiro.

Juliana 16 de junho de 2009 às 10:26  

1 - Santa Clara e São Pedro são dois conspiradores;

2 - Não há mais agonia no pôr-do-sol, não há agonia.

=*

angela 16 de junho de 2009 às 17:52  

que lindinho carlos! se ela não gostar, eu mato!

Nanda 16 de junho de 2009 às 19:24  

e o que é bom, se faz feliz..
e o que é feliz
sorri.

lindo lindo! adorei aqui!

Alanna 17 de junho de 2009 às 10:20  

ihhh....
Carlos tá apaixonado!
Carlos tá apaixonado!
Carlos tá apaixonado!
Carlos tá apaixonado! [canta num ritmo infantil]


Ficou tão... fofo! *-*
Isso é porque não foi contado, foi batido, palpitado com ritmo temperado do seu coração.
Adoro essas coisas! *-*²
Eu espero que isso dure por muuuuuito tempo mesmo. Mais que uma vida. ;)
Boa sorte pra vocês. xD

Márcia, vulgo Feto 18 de junho de 2009 às 15:00  

MEU DEUS!! Essas foram as palavras mais sinceramente lindas que tu ja escreveu Velho! To taaaao orgulhosa do teu dom *-* Que a magia desse texto acompanhe vcs dois sempre, sempre e sempre! =D

Anônimo 19 de junho de 2009 às 14:54  

Esse texto desperta uma inveja saudável pois dá vontade de querer sentir o mesmo! Cê tá de parabéns cara...é um texto realmente lindo!

Unknown 24 de junho de 2009 às 09:54  

Eu tô sem palavras, sério *___*

Gabriella Barbosa 4 de janeiro de 2010 às 15:22  

Q lindo! Espero encontrar isso algum dia! Super orgulhosa de vc, meu amigo querido!Q FOFO!