Natureza morta


Eu derramei uma lágrima por cada cova ali cavada. Solucei a saudade de cada família, cada mãe, cada amor, cada amante, cada dor. Estremeci por cada momento de medo e desespero. Rebelei-me por cada sentimento de desprezo. E desprezei cada réplica por tolerância. Tropecei em cada fim, por cada um.

As flores pálidas gracejavam sob o sol, suas pétalas debatiam-se contra o vento e exalavam um odor doce de paz. As árvores sombreavam meu corpo, a grama úmida amortecia meus lentos passos. O uivo do vazio era cativante, confortante. Naquelas horas que o isolamento é uma sincera companhia. A paisagem congelara e acalentando o íntimo do meu descontrole, abafou minhas lamentações.

Tua voz invadiu minha mente em forma de melodia. Em minha volta, sonhos puseram-se a dançar. A realidade adormeceu e a imortalidade despertou para me guiar nos passos ritmados da existência.

Eu chorei, e não foi por falta de sorrisos...

Não eram seres, nem corpos, nem almas. Eram a eternidade personificada em anjos que voavam tão alto e tão longe. Asas que se debatiam com o ar, transformando-o em hamônica ventania. Olhos que gargalhavam a liberdade, vozes que em coro celebravam a beleza da verdade, mãos que me elevaram aos céus e me soltaram tão alto e tão longe.
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Meio surreal, eu entendo. Mas foi um dia surreal entao perdoem =)
Bjs

Obs: Não sei bem o pq dessa imagem, teoricamente ela nao tem nada a ver com o texto, mas tudo bem.

5 fios pro Casulo:

Welma 4 de novembro de 2008 às 17:06  

Tanta sensibilidade não precisa de imagem nenhuma combinando. Teoricamente ou praticamente tuas palavras "apenas" eleva-nos. Isso é que é o bastante, o necessário.
Lembrei-me das misteriosas tardes no cemitério de Caetité.

Parabêns!

Alanna 5 de novembro de 2008 às 13:56  

bom, não sei, mas pelo menos pra mim, acho que a imagem descreve sim de alguma forma o texto.
^.^
gostei.
fez eu me sentir meio...
livre.

Gabriella Barbosa 5 de novembro de 2008 às 15:40  

ñ vou elogiar dessa vez... se ñ vc vai ficar se achando... e vai parar de fazer textos assim... muito bons!

Fóssil 5 de novembro de 2008 às 19:22  

texto à la Márcia! Essas imagens bens construídas e os sentimentos quase palpáveis... =]

Anônimo 7 de novembro de 2008 às 16:00  

Te amo Márcia. Porque tu escreve tudo o que eu quero ler, e descreve tudo que eu só sei sentir.