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Depois de um mês o choro deixa de doer em desespero. Mostra-se uma calma constante. Uma dor contida escorre pelos olhos. As perguntas da última revolta ainda não foram respondidas e acredito que, em vida, nunca serão. Mas agora são indagadas por pensamentos completos e com nexo. A mente já não grita mais injúrias e lamentações. Trinta dias nos ensinam que nem todos os erros precisam de culpados. Pois é isso que a morte é, um erro de cálculo, um deslize da criação. E ninguém que me venha dizer que Deus foi desumano ao ponto de planejar esse fim sem sentido. Que é a punição pelos pecados que um embrião ainda não cometeu. E quem garante ao juízo final que eles serão cometidos? Culpados antes do crime, condenados e punidos antes do julgamento. Não se tem voz de defesa. O direito vira o dever de calar. Tudo por um fruto que eu nem pude provar. Qual o sabor do pecado?
A pior dor é que não se entende. E as explicações que me são dadas não me sustentam. Será essa a nossa semelhança, a desumanidade? Morrer é um acidente de percurso. Um imprevisto na eternidade que nos aguardava. Não faz parte dos planos da vida. Eu tento, mas não consigo ver a morte por uma perspectiva menos cruel. Não há céu que me seduza.
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"A explicação divina para a morte é simples: reciclagem de matéria orgânica." (palavras do twiiter @OCriador)
Essa frase me fez rir, resolveu parcialmente essas minhas angústias e fez meu texto parecer no mínimo desnecessário hsuahsa. Bjão pessoas :)

5 fios pro Casulo:

Unknown 18 de abril de 2010 às 10:21  

Muito bom! A dúvida chega a me sufocar. Me dá vontade de procurar as respotas :)

Gostei muito!

Camila Castro 18 de abril de 2010 às 14:12  

a duvida chega a me sufocar [2]
relendo e pensando...
"não há céu que me seduza"...

beijo.

Fóssil 21 de abril de 2010 às 19:20  

Muito boa reflexão e aquela escolha certeira de palavras que a gente já conhece. Lindo, Feto!

Fóssil 21 de abril de 2010 às 19:20  

Muito boa reflexão e aquela escolha certeira de palavras que a gente já conhece. Lindo, Feto!

Gabriella Barbosa 24 de abril de 2010 às 08:24  

A imagem diz mto, talvez até responda inconscientemente a dúvida do texto. Acho q morrer ñ é ir embora, é mudar de lugar, ir p um outro, deixar o corpo de lagarta, entrar no casulo e rompê-lo, qm passa pelo tronco vê o casulo vazio, triste, mas ñ imagina q de lá saiu uma linda borboleta, q voa sempre por aí e as vezes passa p dar uma olhada no casulo abandonado e cm estão as pessoas por perto. Voa livre e um dia deixa uma lagartinha q vai crescer, entrar no casulo e virar borboleta...