Algemas


Raquel mal abriu os olhos e as pontadas nas têmporas já se apresentaram prontamente. Eficientes lembretes dos incontáveis copos de Martini que se divertira tomando na noite anterior. Antes de poder interligar os flashes que acendiam na sua memória se assustou ao perceber onde estava. Não é possível! De novo não! Mas que droga!

Seu vestido curto e exótico encolhido num canto. Seu corpo nu sob os lençóis amarelos claro. O inconfundível cheiro de creme de barbear. Seus sapatos “babelônicos” um em cada extremo do quarto. Seus pés emaranhados com as pernas dele. Perversas pernas. Como conseguiam abranger tanta sensualidade? Não conseguia avistar o resto dos seus acessórios. Precisava se vestir e ir embora antes que ele despertasse, não suportaria o olhar inconseqüente daquele verme sedutor mais uma vez. Por que não conseguia simplesmente resistir? Ela o odiava! Por que o amava tanto? Maldito! A decepção de um alcoólatra com ressaca invadiu sua cabeça ignorando a dor nas têmporas. Sentia-se fraca, incapaz. Uma idiota. Ele não a merecia. Mas ela o queria incessantemente. Que inferno! Ainda dizem que o amor é lindo. Ah, aquilo tava mais para prisão perpétua.

Afastou o braço com o qual ele entrelaçava sua cintura. Sentia arrepios ao tocá-lo. Ameaçou se levantar, a cama rangeu. Prendeu a respiração e sentou-se. A tontura a obrigou a respirar fundo novamente. Recolheu sua roupa e foi para o banheiro se vestir. Lavou o rosto, prendeu os cabelos evitando fitar o espelho, também não suportaria seu olhar covarde. Dessa vez não esqueceria nada, assim não teria desculpas para voltar. Precisa se certificar que ele não estaria nas festas que fosse daqui para frente. E beberia menos, ficava ainda mais vulnerável quando embriagada. Além de que só assim se livraria daquela dor de cabeça insuportável.

Ao sair do banheiro deu de cara com o quadro que tanto odiava. Ele insistia em estar sempre lá, perfeitamente equilibrado sobre a parede branca, testemunha dos momentos relâmpagos que passara ali. O homem pintado a tinta óleo fuzilava-a com o olhar severo e acusador. Ele sempre a ouvia jurar e quebrar suas juras. Era humilhante. As duas mulheres perfeitamente pintadas o cercavam implorando por sua atenção. Enquanto ele continuava a encará-la. Você tem que escolher uma das duas! Mas não havia como apagar uma das sedutoras mulheres da pintura. Canalha.

Percorreu o caminho até a saída como se aqueles poucos metros tivessem dimensões “maratonísticas”. Ao segurar o trinco sentiu a incontrolável vontade de olhá-lo mais uma vez. O anel reluzia na sua mão esquerda pendurada para fora da cama. Bateu a porta com tanta força que a sentiu tremer. Um estrondo denunciou a quebra do perfeito equilíbrio dentro do quarto. Ainda chegou a ouvir aquela voz malignamente atraente chamando-a. Mas o elevador já havia se fechado e já era hora de apagar-se daquela patética pintura dadaísta.
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Esse aí surgiu do nada. Mudei de canal vi uma cena de um filme qualquer e ai escrevi = ) Só que como só vi um pedacinho tive que inventar umas coisas. Me empolguei muito escrevendo isso. Exorbitantemente. Era pra ter postado desde de domingo mas não tinha conseguido termina-lo.
Obs: O velho ta se achando pq ta na faculdade! shauhsuahsa.
Obs1: Velho eu só lembro de ti ligar depois das nove...me recuso a liar pros outros na hora da novela. Mas eu vou ligar!
Obs2: Eu e o Fóssil juramos que um dia a gente faz os perfis! hee. Um dia...
Obs3: Adoro sair procurando imagens por ai que tenha a ver com o texto =D super divertido.
Bjão povo!

Fragilidades


Antes de ser jogado nesta caixa, creio que me cabe o direito de desabafar. Não sei por que estás tão surpresa, costumavas conversar comigo o tempo todo... Você, que hoje me considera tralha, esquece que um dia eu fui o sonho de uma pessoa, bem antes de ser o seu. Essa pessoa tão generosa quis dividir o sonho dela justamente contigo. Pena. Não se joga em uma caixa o sonho de alguém.
Você ri do tempo em que precisava de mim. Vê a ti mesma como tola naquela época e eu só enxergo uma tola agora. Não eras tola, só feliz. Se for assim, mil vezes a tolice e insensatez, mas com um sorriso nos lábios.
Tolo apenas eu. Deixei que me tratasse como o objeto que nunca fui. Suportei espasmos de raiva e de alegria, suportei ser puxado, rasgado, quebrado, desmembrado e até deixado de lado por algum tempo. Eu sempre tinha a certeza de que irias me pegar de volta; e costumava ser assim, até que as tuas ausências se tornaram mais constantes e duradouras, para o meu completo desespero.
Eu provei do teu amor, mas entreguei o meu próprio além do que devia. Tu ficaste mais forte com ele e eu, sem nada para substituí-lo, fiquei vazio e fraco. Não tenho voz a não ser que dêem corda, não posso andar se não mexeres minhas pernas, não enxergo se não abrires meus olhos (lembras que um dia amaste estes olhos azuis?). Por isso, agora, a caixa.
Mas preciso agradecê-la; finalmente estás fazendo com que eu substitua o amor que havia em mim por algo novo, que eu jamais pensei que sentiria. Não sou mais tão oco e por isso criei voz para lhe dizer.
Vai. Mas lembra que um dia destes os primeiros passos comigo. Antes de cada amante, de cada língua em que encostares a tua, de cada cama em que venhas a te deitar, antes mesmo do teu primeiro filho, lembras que fui eu que te ensinei a amar. Eu fui colo de mãe, ouvido de melhor amigo, face esbofeteada de amor partido. Mas como seguravas as cordas que me manipulavam e sustinham, alguém vai segurar as tuas. Porque eu te ensinei a amar, vais fazê-lo da mesma maneira que eu. E serás jogada em tanta caixa que um dia, no limbo, lembrarás de mim com saudade e mágoa. E haverás de chorar – sem meu corpo de tecido para esconder e enxugar tuas lágrimas.
E eu poderia sentir muito por isso, se não tivesses me ensinado também. Tudo o que em mim era vazio agora se enche de indiferença.
Eu te condeno irremediavelmente ao remorso.
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Eu tinha prometido a mim mesmo que não ia postar dois textos piegas seguidamente. Mordi minha língua.

PS: Dica para todos nós: ninguém (nem mesmo os brinquedos) merece ser tratado com objeto.

PPS: Como diria Latino, "quem planta sacanagem, colhe solidão"

PPPS: Ignorem o PPS XP


O novo formato do Casulo já está quase pronto, graças aos esforços conjuntos da sua dupla de Tecedores mais a ajuda incalculável de Alanna Correia! Muito obrigado, pequena! Te amo, saudades. ^^

Esse primeiro semestre passou muito, MUITO rápido. Até demais T.T

Esse post deveria ter sido do Feto no domingo, mas ela se enganou e acabou postando um texto repetido (essa é a velha Márcia XD). Então depois que passar o vestiba da UEMA, ela deve postar algo pra nossa alegria geral =D Aguardem.

Aliás, por favor, energias positivas e orações pra ela e pra todos os meus amigos que vão prestar vestibular :D Boa sorte galera!


"No mais, estou indo embora"

Esclarecimentos

Olha só, não sei tem alguém entrando no blog esses dias, mas se tiver, deve ter percebido como as coisas mudaram aqui. O blog tá assim, meio "pelado", por artes desse jumento que atende por Carlos. Sabe como é, Fóssil, não tá acostumado a tecnologia, fui tentar mudar o template do Casulo e apaguei tudo e não consegui colocar de volta os elementos de página. Aí mudei de volta pra um template padrão do blogspot. Só que refazer tudo com a minha internet discada é crudelíssimo, então aguardem até o final de semana e o Casulo estará de volta e com novidades!

Estamos fazendo o melhor pra deixar o Casulo com a sua cara! =D

(mentira XP)
(e ainda por cima é coisa de TV Xuxa isso, que merda XP)

E pra não passar em branco (como de praxe), um poema, que na verdade é uma música. Esqueci o nome do compositor (o/) mas ela foi interpretada no álbum "Vagabundo" por Ney Matogrosso & Pedro Luís e A Parede (por sinal eu tenho escutado bastante, muito bom o álbum). E acho que é muito boa pra se falar do trabalho do "fazer literário". Aproveitem ;D


Transpiração

A inspiração vem de onde?
Pergunta pra mim alguém
Respondo talvez de longe
De avião, barco ou ponte
Vem com meu bem de Belém
Vem com você nesse trem
Nas entrelinhas de um livro
Da morte de um ser vivo
Das veias de um coração
Vem de um gesto preciso
Vem de um amor, vem do riso
Vem por alguma razão
Vem pelo sim, pelo não
Vem pelo mar gaivota
Vem pelos bichos da mata
Vem lá do céu, vem do chão
Vem da medida exata
Vem dentro da tua carta
Vem do Azerbaijão
Vem pela transpiração
A inspiração vem de onde, de onde ?
A inspiração vem de onde, de onde ?
Vem da tristeza, alegria
Do canto da cotovia
Vem do luar do sertão
Vem de uma noite fria
Vem olha só quem diria
Vem pelo raio e trovão
No beijo dessa paixão
A inspiração vem de onde, de onde ?
A inspiração vem de onde, de onde?